“Escrever é, pois, matéria de salvação. Em todos os textos, na ficção ou na crônica, em tudo o que diz ou escreve, de público ou na intimidade, Clarice persegue um alvo obsessivo. Liga tudo a tudo. Religa. Seus textos são seus exercícios espirituais. […] Nos livros de Clarice pulsa uma tensão que dá notícia de algo além do texto. É lá, nesse fundo, transfundo, que Clarice se situa. E é para lá, para essa perturbadora aventura, que ela convida o leitor. O desejado interlocutor. O duplo. Aquele que reza a mesma oração, em busca da mesma luz.”
(Otto Lara Resende, prefácio de Línguas de fogo, ensaio sobre Clarice Lispector, de Claire Varin.)