“Eu queria tanto, Harley, poder falar baixinho só para você ouvir o quanto me sinto feliz com o seu… carinho. Ia escrever amor, mas é melhor carinho, sei que é mais isso mesmo. Até me esqueço que venci metade da minha jornada, que não sou mais aquela quase garota que conheceu no colégio. Mas você ainda é o mesmo, parece menino. Um meninão grisalho e danado. Ah, professor, somos dois adolescentes quando estamos juntos. Tem hora que rio à toa, outras me travo, não sei o que acontece comigo. Você perde a fome, a sede, engole seco, não sabe o que dizer. As mãos perdidas. Pobre da Laura. Você tenta e tenta encontrar as palavras e, quando encontra e fala, sei que não era bem isso que queria dizer, não era bem aquilo. Que diferença da sala de aula, você com as frases precisas, as palavras fluíam rápidas, naturais. Agora fica sem jeito e então você me escreve.”
(H.A., Vale das ameixas.)