Vale A./Laura

“Faça um diário, professor. Sim, fui à igreja – como não iria? Laura, Laura, Laura. Sim, sim. Luz, poema vivo. Toda fantasiada, me disse semanas depois, voz que belisca a alma. Gotas de mel no lábio de abelha-beija-flor. Ligeiro, terceiro, quarto? Último. Viajou. Há beijos sem memória, quase todos. Poucos, os três ou quatro que se confundem, atravessam noites, países, décadas – licor. Retorna, vivo, aquele doce período. Disse feliz, rubra, que era o melhor homem que existia. Ele. Como podia afirmar isso? Ciúme, quase raiva. Quantos conhecia? Ela tocava piano. Pareciam de balé seus passos. Mais leve que brisa, ela. Ave, borboleta, esperança.”


(H.A., Vale das ameixas.)