“Sim. Este é um livro raro [Guerra sem testemunhas]. Pela qualidade, penetração e contundência da reflexão que ele encerra. Na literatura brasileira, nunca antes se escreveu sobre os problemas que o escritor enfrenta – os dilemas, as condições precárias contra as quais navega – com tanta virulência, com tanta dignidade, e, às vezes, com amargo entusiasmo. […] Realmente notável é o fato de que Osman Lins não se contenta em identificar os problemas, em refletir sobre as adversidades e suas repercussões culturais, estéticas e sociais no contexto particular da literatura brasileira; não se limita apenas a realizar, em resumo, a crítica – o que já seria uma contribuição importante. Vai além: aponta caminhos, esboça soluções, projeta estratégias.[…] Ao avançar na leitura de Guerra sem testemunhas, o leitor reconhecerá outros elementos que confirmam a singularidade do livro: a coragem de debater num período tão conturbado de nossa história política [a primeira edição saiu em 1969 e a segunda em 1974, portanto durante a ditadura militar]; o entrecruzamento radical, e inédito, entre ensaísmo e ficção; a visão que o escritor elabora, apresenta os problemas sob ângulos absolutamente particulares; e, ainda acrescentaria, um completo despojamento dos cacoetes característicos da teoria e da crítica de época.”
(Fábio Andrade, na Apresentação “Outras notícias do front” da 3ª edição de Guerra sem testemunhas, Cepe/Editora UFPE, 2024.)