“É preciso que a obra literária tenha caráter de empreendimento, como Osman Lins escreveu em Guerra sem testemunhas. A obra literária requer ‘esforço, finalidade e organização’. E para isso é preciso ter paciência, nunca é demais lembrar. Ele condenava a prática, frequente em escritores sem projeto, de reunir num mesmo volume textos de vários gêneros, uma miscelânea – um poema do Dia das Mães escrito no ginásio, uma carta a uma namorada, um conto da adolescência, o fragmento de um romance abortado, uma frase espirituosa etc. Ou, nas palavras de Osman Lins: ‘frases espetadas entre dois asteriscos, como borboletas raras’. Ele condenava esses livros sem estrutura, sem rumo, sem fulcro, sem o indispensável sentido de composição.”
(H.A. “Osman Lins, professor de romance”, Nove, novena, noventa, org. Sandra Nitrini; Hucitec, 2016.)