“Gustave Flaubert definiu com clareza o ideal do romance quando disse que, tal como Deus no seu mundo, o autor, no seu livro, deve estar em todo o lado e em nenhum, invisível e onipresente. Existem várias obras importante em que a presença do autor é tão discreta como Flaubert pretendia, ainda que nem ele tenha alcançado esse ideal em Madame Bovary. Mas mesmo nas obras em que o autor é idealmente discreto, encontra-se disseminado por todo o livro, de modo que a sua própria ausência se transforma numa espécie de radiante presença. Como se diz em francês, il brille par son absence – ‘brilha pela sua ausência’.”
(Vladimir Nabokov, Aulas de literatura.)