Madame Bovary/Leal

“Um consolo no fim da vida morar nesta cidade de árvores, clima e gente agradáveis. Aqui posso recordar sossegado todo o meu caminho, rota de perplexidade, e sentir que amo todas as mulheres que me amam – sem essa chama de dor, sem essa bomba no peito, Timo, nenhum de nós existiria, o mundo não seria o mundo, nem Roma, Roma –, mas devo dizer que antes de Biela me deixar sempre honrei nosso pacto de lealdade. Depois, rompi. Era até a morte, não era? Inevitável ponto final. Final? Não é Hamed (em breve vou apresentá-lo) quem fala aqui, sou eu mesmo, Harley. Tenho pensado o que é deslealdade, traição. Trair é não cumprir o que prometeu. É não ser fiel a si mesmo. Madame Bovary não se negou. Ela foi ela. Mulher leal.”


(H.A., Vale das ameixas.)