“Na realidade, toda a ficção é ficção. Toda a arte é engano. O mundo de Flaubert, como todos os mundos dos grandes escritores, é um mundo de imaginação, com a sua lógica própria, os seus convencionalismos próprios, as suas coincidências próprias. […] Talvez Flaubert parecesse realista ou naturalista há cerca de cem anos aos leitores que se formaram nas leituras daquelas damas e cavalheiros sentimentais que Emma admirava. Mas realismo e naturalismo são meras noções relativas. O que determinada geração considerava naturalismo num escritor parece à geração seguinte um exagero de monótonos pormenores e à geração anterior uma monótona falta de pormenores. Os ismos passam, o ista morre, a arte fica.”
(Vladimir Nabokov, Aulas de literatura.)