Vale ameixas/intertextual

“Seus protagonistas, o melancólico e nostálgico professor Harley Thymozwski, o Timo, um exilado territorial e geográfico, fugitivo de guerra; e sua empregada Benedita, figura emblemática, uma espécie de antena cuja interlocução dá sentido primordial à humanidade dos sentimentos e das idas e vindas das recordações e confissões, norteiam Vale das ameixas, num espectro circular em que forma e conteúdo harmonizam um inegável pout pourri de profundos questionamentos sobre a vida e o lugar da própria arte e da literatura em tempos sombrios.

No decurso da leitura, essa escrita demiúrgica, pungente, intertextual e metalinguística de Hugo Almeida não apenas cuida, em clave fragmentária, das relações dos protagonistas com o presente e o passado e de suas observações críticas e pulsões questionadoras, mas atravessa-lhe uma consciência estética primordial, na relação do autor com as diversas linguagens e seus signos, numa visão ampliada sobre vertentes socioculturais que vão da literatura ao cinema, da música ao teatro, da fotografia às artes plásticas, da ciência à política, da religião à epistolografia.”

(Ronaldo Cagiano, “Vale das ameixas (ou o Triunfo da linguagem)”, Revista Caliban.)


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