“Engoliram o d do gerúndio: namorano, falano, ouvino. Oralidade… Língua que não é do berço se aprende e desaprende no esfregar dos dias. Aulas e livros ajudam. Fiz curso de português para estrangeiros, Biela sabia mais e aprendia com rapidez; me ajudava. Eu me aventurei na poesia, tropecei na pedra de Itabira, tropeço que levou à frente. Feito Biela. Devo bastante também ao Graça. Mestre do bom texto e cliente da alfaiataria, leu com paciência de professor, boa vontade e benevolência meus primeiros rascunhos em português, e me apontou caminhos. Graça. Nem Ramos ou Aranha. A. C., o Graça, poeta e amigo. Pensei em enviar a Laura um poema dele: Todos os poemas do mundo/ não valem/ o universo/ do corpo de uma mulher. Desisti, ficaria furiosa, me chamaria de machista. Tio Oskar assinaria esses versos.”
(Harley, personagem de Vale das ameixas, de H.A.)