Corações solidários

Comentários de leitores de H. A.

  • “Em tom de conversa, frases curtas, pensamentos suspensos, ternura e bom humor, a narrativa [Viagem à Lua de canoa] vai pondo em confronto dois tipos de viagens que se misturam no processo evolutivo da vida, do mundo: uma, a dos heróis anônimos que, com seu trabalho, constroem o progresso; a outra, a dos heróis da ciência cujas conquistas ampliam o espaço para a evolução da humanidade. […] Livro cuja simplicidade deriva de uma profunda sabedoria de vida, este é um dos que seduzem o leitor.”

    (Nelly Novaes Coelho, Dicionário crítico da literatura infantil e juvenil brasileira.)

  • “Diversos prêmios, na década de 80, foram patrocinados e oferecidos por empresas ou instituições culturais. Sempre há uma revoada de prêmios. Desses, o romance Mil corações solitários, de Hugo Almeida, 1988, surge com as principais características que diríamos dos anos 80 (multiplicação de focos, clipes, visão crítica, invasão do cotidiano, rebeldia formal etc.) e mais projeções de uma personalidade literária original.”

    (Julieta de Godoy Ladeira, O desafio de criar – o sonho e o chão da palavra escrita.)

  • “O que talvez desperta maior admiração é a originalidade da técnica de construção da obra [Mil corações solitários]. Múltipla, abarcando vários tons, sua essência recapitula um mundo de desencontro, onde Níobe – vítima da imposição paterna – rumina desditas de um casamento malogrado. […] Uma estrutura sabiamente elaborada – marca de quem entende do ofício de ‘escrever romance’ – romance de primeira qualidade, original, curiosíssimo.”

    (Elisa Guimarães, “Original técnica de construção”, Cultura, O Estado de S. Paulo, 27/8/1988.)

  • “A leitura de Vale das ameixas (Editora Sinete, São Paulo, 2024), do escritor Hugo Almeida, exige concentração integrada de amorosidade: mente e coração abraçados, pois as personas narrantes são muitas, criando um dédalo de alta sofisticação narrativa, em fluxo enredante de consciência (s). Mas compensa, e bastante, atravessar esse Vale. Recompensa.”

    (Alexandra d’Orsi, Vale das ameixas, à sombra dos seios em flor”, Triplov)

  • “Eu amei o Vale das ameixas! Acho que há poucos livros tão densos na literatura contemporânea. Meus parabéns!”

    (Guiomar de Grammont, escritora várias vezes premiada, doutora em Literatura Brasileira pela USP, professora aposentada pela Universidade Federal de Ouro Preto, curadora de eventos literários. Mais pesado que o ar, de poemas, é o seu livro mais recente.)

  • “Quando um livro nos fascina, não hesitamos em recomendá-lo a todos. Esse desejo de compartilhar o tesouro da boa literatura explica por que insistimos tanto! Hugo escreveu seu segundo romance para adultos, Vale das ameixas, objetando um leitor capaz de responder com cumplicidade. Linguagem cativante, não figura um alfarrábio poeirento, mas livro vivo! Do âmago fabuloso, fabuloso poder fabular os avessos da realidade! A literatura como experiência apta, carregando em suas entranhas ambiguidades trazidas da vida. Na ficção, a suspensão temporária do real a torna imbricada em realidades diversas.”

    (Mariana Santiago é graduada em Letras pela Universidade Bandeirante de São Paulo (2010), professora em exercício, cultora de Osman Lins. Deve lançar neste ano seu primeiro livro de poemas, Uma centelha do recôndito percurso, do Veneno Livre.)

  • “Tirei um tempo (e lá se vão bastantes dias…) para ler Globo da Morte, com sua merecida Menção Honrosa no Prêmio Fernando Chinaglia em 1975.

    Deu bem para entender por que Osman Lins se impressionou com o livro de um jovem criativo, em busca de caminhos originais para os seus ‘contos’, sabendo a priori que ‘O conto não existe’ – Sergio Sant’Anna – e certamente adotando a perspectiva da abertura existente na Narrativa.

    A citação de Bandeira ‘Eu quero falar do que me der na cabeça’, bem como a de Joracy Camargo correlacionando ‘histórias sem fim e a Vida’, situam as diretrizes estabelecidas em sua criação literária. E isso você realmente mostra no livro.

    As narrativas de um modo geral, mesmo as escritas dentro de uma perspectiva mais linear e tradicional, buscam temas instigantes que levam à reflexão. Apenas para exemplificar, ‘O Cômodo Novo’ leva-nos a pensar nas portas que mantemos fechadas em ambiente conhecido, mesmo quando tentamos abri-las.

    ‘Documento’ escrito sob forma de diálogo traz final inusitado, devido à indiferença e objetificação de um corpo humano morto na rua, com alguém querendo levar uma parte (mão) para casa; ‘Cosamea’ estabelece o contraponto entre as coordenadas técnicas (orientação acadêmica) na produção de um anúncio e a criatividade pessoal de quem trabalha o texto, trazendo ao final uma crítica sutil ao trabalho de avaliação docente; ‘Globo da Morte’ apresenta fragmentos numerados de pequenas histórias de Vida (nua?) que se alternam, complementam e fecham circularmente, à semelhança do globo que dá título à obra, situando o embate existencial entre a pulsão de vida e a pulsão de morte; ‘Domingo não precisa’ mostra ironicamente, através do discurso do empregador, a situação de ‘semi-escravidão’ da empregada que deve trabalhar e muito, de segunda a sábado: trabalhe, limpe, limpe, limpe, trabalhe e limpe, mas… Domingo não precisa!

    Por fim, ‘O Túnel’ parece situar o leitor na transição do conhecido para o desconhecido (para onde o leva o ‘tubo/túnel’?). E me pergunto: não será a Literatura metaforicamente um túnel em nossas vidas?

    Sim, Hugo, você sempre mostrou a que veio: ser escritor!”

    (Marisa Simons, professora aposentada, doutora em Literatura Brasileira pela USP, autora de As falas do silêncios em O fiel e a pedra, de Osman Lins.)

  • “Hugo, como eu sempre digo a meus amigos, nunca fui um devorador de livros, sou sempre um degustador desses nossos companheiros de várias horas. Leio devagar, parando nalgum capítulo, nalguma frase, nalgum termo e divago, às vezes, por uma semana no assunto…

    Estou me deliciando com a leitura do Vale das Ameixas e, curiosamente, no capítulo 156 (página 137), você faz citação de minha ‘prima’ que viveu no século XIX (1804-1876), Amantine Aurore Lucile Dupin, que foi obrigada a usar o pseudônimo de George Sand para ter seus mais de 50 livros publicados (entre romances e contos). Eu tenho a autobiografia dela, História de minha vida, que é um tijolaço de 650 páginas com histórias fascinantes. Dentre elas, claro, a sua relação, por quase dez anos, com o músico polonês Frédéric Chopin

    São raras as publicações que fazem citação a Aurore Dupin (confesso que a primeira vez que vi este nome foi justamente no encarte de um CD de Chopin. Valeu demais.)”

    (Marcelo Guedes Dupin, o “Zen”, técnico agrícola, geógrafo e escritor.)