Uns toques

Citações para jovens escritores

  • “Atua o escritor, segundo julga Stendhal, entre a limitação e a prodigalidade, podendo sempre perder-se numa dessas margens! Evite o escritor ser vago, fixe o pormenor, sem entretanto pretender exaurir o que narra ou descreve.”

    (Osman Lins, Lima Barreto e o espaço romanesco.)
  • “Quando se fecha uma porta outra se abre

    Não existem chaves ou fechaduras

    Nem grades, correntes. Desvia apenas

    O teu olhar e empurra

    Devagar com as mãos.”

    (Goliarda Sapienza, Ancestral.)
  • “As análises intertextuais procuram deslindar os fios que unem um texto a textos alheios, por vezes remotos no espaço e no tempo. Esses liames, essas repercussões, em grande parte secretos, diluem-se ao longo da execução e o próprio escritor esquece muitas de suas intenções. Também ocorre que certos pormenores de modo algum sejam intencionais. […] Compreender melhor uma obra não significa decifrá-la; os seus corredores são infindos.”

    (Osman Lins, em Lima Barreto e o espaço romanesco)
  • “A impaciência é o único pecado. Foi Kafka mesmo quem disse isso? O homem precisa apenas de memória e paciência, muita paciência. Memória para lembrar de ter paciência.”

    (H.A., em Vale das ameixas)
  • “A gratidão é um processo sutil. Ocorre em pequenos gestos, geralmente restritos, silenciosos. Dispensa multidões ou plateia. […] A gratidão é íntima; o obrigado é olho no olho, de um coração para o outro. Já a ingratidão é bem mais ruidosa.”

    (Thais Zanchettin, em A vida como um voo: 90 anos de história de Roberto da Cunha)
  • “Por muito alto que se esteja numa montanha, há sempre mais uma encosta a subir.”

    (Ernest Hemingway, Tempo de viver)
  • “Nasci e cresci no Caribe. Conheço-o país a país, ilha a ilha, e talvez daí provenha minha frustração de que nunca me aconteceu nada nem pude fazer algo que seja mais assombroso do que a realidade.”

    (Gabriel García Márquez, “Algo mais sobre literatura e realidade”, em O escândalo do século)
  • “Há, oculta, latente, uma infinidade de sugestões no texto, com frequência ambíguas, diversas ou contrárias ao que reluz na superfície. A cada releitura, seus livros oferecem surpresas e revelações.”

    (H.A., Osman Lins: o sopro na argila)