Uns toques

Citações para jovens escritores


  • O argentino Jorge Luis Borges (1899-1986) relata, em vídeo, uma conversa que teve com seu compatriota Ernesto Sábato (1911-2011) sobre Cervantes e Dostoiévski e os grandes livros deles, Don Quixote e Crime e castigo.

    (Jorge Luis Borges, entrevista ao Portal Literário Azimut, da Fundación La Balandra, de Buenos Aires.)
  • “Adriano relatou uma passagem que achei interessante: o Romulo [Rômulo Cândido, escritor e padre] escreveu [em Palavra, parábola] que Moisés viu uma pedra e dela tirou água; Michelangelo viu a pedra e dela tirou uma obra de arte; Drummond viu a pedra e fez o poema; ele, o padre, viu a pedra e deixou que a pedra ficasse pedra mesmo, mas que ele se tornasse em alguma coisa melhor. Nunca tinha ouvido falar dessa autor, como somos ignorantes!”

    (Caio Junqueira Maciel, no romance Um estranho no Minho.)

  • “Uma pergunta inteligente não deve ser nem um prazer nem uma chateação. Mas ainda acho que é muito desagradável para o escritor falar sobre como ele escreve. Escreve para ser lido com os olhos e nenhuma explicação ou dissertação deveria ser necessária. Pode ter certeza que existe muito mais no que se escreve do que aquilo que se lê numa primeira leitura e, por ser assim, não é função do escritor explicar o que escreve ou organizar excursões, como um guia turístico, através da região mais difícil de sua obra.”

    (Ernest Hemingway, em entrevista a George Plimpton, Os escritores 2As históricas entrevistas da Paris Review.)

  • “A narração inclui a noção de perda: todo o desenrolar de um romance corresponde a uma balança onde o conflito nasce a partir de uma ausência. E essa ausência pode ser o amor frustrado (Werther, de Goethe), a vingança (O Conde de Montecristo, de Dumas), a busca de uma verdade (O talismã em Macunaíma ou a certeza do adultério em D. Casmurro) e todos aqueles conflitos próprios da arte de ficcionar que vão ocasionar os dramas, os enredos e as tramas.”

    (Ronaldo Costa Fernandes, O narrador do romance.)

  • “A literatura é invenção. A ficção é ficção. Chamar a uma história uma história verdadeira é um insulto tanto para a arte como para verdade. Todos os grandes escritores são grandes impostores, mas também o é essa arquimentirosa Natureza. A Natureza engana sempre. Desde o simples engano da propagação da ilusão prodigiosamente sofisticada das cores protetoras nas borboletas e nas aves, há na Natureza um sistema de feitiços e astúcias. O escritor de ficção limita-se a seguir as indicações da Natureza.”

    (Vladimir Nabokov, Aulas de literatura.)

  • No próximo sábado, 21 de junho deste ano de 2025, H.A. vai autografar seus dois livros recentes publicados pela Editora Sinete – o romance Vale das ameixas e o ensaio livre A voz dos sinos – na Feira do Livro do Pacaembu. Ele estará na Tenda 53, da Livraria Patuscada, a partir das 16 horas, ao lado do escritor Matheus Arcano, que vai autografar O umbigo de Adão, crônicas.

  • “A novela [ou conto] lembra o problema que consiste em colocar uma equação a uma incógnita; o romance é um problema de regras diversas que se resolve através de um sistema de equações com muitas incógnitas, sendo as construções intermediárias mais importantes que a resposta final. A novela é um enigma; o romance corresponde à charada ou ao jogo de palavras.”

    (Boris Eikhenbaum, citado por Nádia Battella Gotlib em Teoria do conto.)

  • “Será o amor, em nosso tempo, um instrumento em vias de desaparecer? Só a palavra amor sobrevive ainda? O que será de tudo, se também nos arrancam a força de amar? A alegria de amar? A raiva de amar?”

    (Osman Lins, Avalovara.)