Citações para jovens escritores
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“Este trabalho está dividido em três partes. A primeira parte, ‘Antígona na Grécia Antiga’, contempla o imaginário mítico inicial criado em torno de Antígona, na Grécia Antiga, a partir, especialmente, da tragédia de Sófocles. A segunda parte, ‘Antígona no contexto da Segunda Guerra Mundial’, apresenta Antígona no contexto europeu do final da Segunda Guerra, mais especificamente com os textos Antígona, de Jean Anouilh (França, 1944), e Antígona de Sófocles, de Bertolt Brecht (Alemanha, 1948). A terceira e última parte, ‘Antígona na América Latina’, traz reescrituras de Antígona nos contextos latino-americanos de ditadura militar – caso de Griselda Gambaro, com Antígona furiosa (Argentina, 1986) – e conflito armado interno – na peça Antígona, de Yuyachkani e José Watanabe (Peru, 2000). […] … que o leitor transite por esses países e continentes e escute a voz de Antígona em cada um dos contextos apresentados. É preciso um ouvido apurado: às vezes seu grito é apenas silêncio.”
(Flávia Almeida Vieira Resende, na Introdução de Antígonas – Apropriações política do imaginário mítico.) -
“Convivemos todos os dias com as narrativas escritas e isto esconde o seu mistério. Uma viagem está no texto, íntegra: partida, percurso e chegada. Nele, há o ir e o estar, isto é, coincidem o fluxo e a permanência.”
(Osman Lins, Avalovara.) -
“É preciso que a obra literária tenha caráter de empreendimento, como Osman Lins escreveu em Guerra sem testemunhas. A obra literária requer ‘esforço, finalidade e organização’. E para isso é preciso ter paciência, nunca é demais lembrar. Ele condenava a prática, frequente em escritores sem projeto, de reunir num mesmo volume textos de vários gêneros, uma miscelânea – um poema do Dia das Mães escrito no ginásio, uma carta a uma namorada, um conto da adolescência, o fragmento de um romance abortado, uma frase espirituosa etc. Ou, nas palavras de Osman Lins: ‘frases espetadas entre dois asteriscos, como borboletas raras’. Ele condenava esses livros sem estrutura, sem rumo, sem fulcro, sem o indispensável sentido de composição.”
(H.A. “Osman Lins, professor de romance”, Nove, novena, noventa, org. Sandra Nitrini; Hucitec, 2016.) -
“Interessante notar que, imersas no útero da biblioteca, acessamos uma biblioteca viva, presente dentro de cada uma de nós. Em grupo comungamos a palavra, repartimos histórias como pão sagrado, inebriadas pelo vinho quente do coração! Diferenças? Foram todas diluídas pela alegria do encontro, da reciprocidade. Tecemos afetos pela via das afinidades.”
(Tatiane Moreira Ferreira, contadora de histórias, História afetiva de leitores e bibliotecas em Belo Horizonte.) -
“Se constatamos que a incompreensão a respeito do livro, em nossos dias, afeta numerosos escritores, amando a literatura, mas sem o necessário domínio sobre as rédeas da vida e sobre a orientação que devemos imprimir ao ofício, cujas vicissitudes custam a aceitar, facilmente entenderemos que grande porcentagem de leitores, sem noção dos problemas literários e ludibriados pelas técnicas que adulteram a hierarquia dos valores, apenas atribuam importância aos livros que alcançam em breve prazo tiragens expressivas.”
(Osman Lins, Guerra sem testemunhas.) -
“Em toda a obra, nas personagens, nos narradores, encontramos Clarice, ela mesma: sofisticada e simples. Verdadeira: viva. E chegamos ao ser que se mostra inteiro nos fragmentos de Perto do coração selvagem ou de Um sopro de vida: a matéria da coisa.”
(Carlos Mendes de Sousa, Clarice Lispector: pinturas.) -
“A definição de poesia numa só frase? Caramba! Conhecemos pelo menos umas quinhentas, mas nenhuma nos parece suficientemente precisa e abrangente. Cada uma expressa o gosto de sua época, e nosso ceticismo inato nos impede de tentar defini-la novamente. Mas guardamos na memória um belo aforismo de Carl Sandburg: ‘A poesia é um diário escrito por um animal marinho que vice na terra e gostaria de voar’. Serve essa, por enquanto?”
(Wislawa Szymborska, Correio literário ou Como se tornar (ou não) um escritor.) -
“A releitura é sempre maior prazer que a leitura. E isso porque nos proporciona maior profundamente do tema e do pensamento do autor, maior captação dos processos utilizados, bem como satisfação artística mais lenta e mais saboreada, já que não nos aguça a curiosidade a visão global do assunto e sim os meandros e interstícios da obra em si.”
(Maria de Lourdes Teixeira, Esfinges de papel.)