Uns toques

Citações para jovens escritores


  • “Se dou um passo atrás e trato de ver a mim mesmo como escritor, sinto que essa constante da infância, que existe em mim – e não a lamento, muito ao contrário –, tem determinado sempre a maneira em que se me dão as coisas, os temas, as situações e a maneira em que logo, no plano da escritura, ensaio transmiti-las e resolvê-las.”

    (Julio Cortázar, entrevista ao programa “Encuentros con las letras” da RTVE, em 1981.)

  • “Os livros e a leitura, assim como as escolas, isoladamente, não resolverão os muitos problemas que temos no país. Mas podem iluminar e ampliar nosso entendimento sobre a vida que vivemos e criar condições de luta por vidas mais justas, em Belo Horizonte e no Brasil.”

    (Fabíola Farias, uma das coorganizadoras de História afetiva de leitores e bibliotecas em Belo Horizonte.)

  • “Pouco sabe do invento o inventor, antes de o desvendar com o seu trabalho. Assim, na construção aqui iniciada. Só um elemento, por enquanto, é claro e definitivo: rege-a uma espiral, seu ponto de partida, sua matriz, seu núcleo.”

    (Osman Lins, Avalovara, capítulo S2, “A espiral e o quadrado”.)
  • “É o seguinte: a dissonância me é harmoniosa. A melodia por vezes me cansa. E também o chamado ‘leit-motiv’. Quero na música e no que te escrevo e no que te pinto, quero traços geométricos que se cruzam no ar e formam uma desarmonia que eu entendo. É puro it. Meu ser se embebe todo e levemente se embriaga. Isso que estou te dizendo é muito importante. E eu trabalho quando durmo: porque é então que me movo no mistério.”

    (Clarice Lispector, Água viva.)
  • “Gustave Flaubert está por inteiro em seus livros; é inútil procurá-lo alhures. Não tem paixão, nem a de colecionar, nem a de caçar, nem a de pescar. Escreve seus livros e nada mais. Entrou na literatura como outrora entrava-se para uma ordem, para lá experimentar todas as sus alegrias e morrer. Foi assim que se enclausurou, gastando dez anos a escrever um volume, vivendo-o durante todas as horas do dia, trazendo tudo a esse livro, respirando, comendo e bebendo esse livro. Não conheço um homem que mereça mais do que ele o título de escritor; deu toda a sua existência à sua arte.”

    (Emile Zola, Do romance.)
  • “Eu também não ligo para dinheiro. Mas o dinheiro é importante para mim. Preciso dele, de parte do que me proporciona o meu trabalho para comprar meus livros, meus discos, para fazer as minhas viagens, aproximar-me, por todo os meios, do mundo. São coisas indispensáveis ao escritor.”

    (Osman Lins, em carta a Hermilo Borba Filho, em 7 de fevereiro de 1969, incluída em E viva a vida!, org. de Nelson Luís Barbosa.)
  • “…depois do senso do real, há a personalidade do escritor. Um grande romanista deve ter o senso do real e a expressão pessoal.”

    (Emile Zola, Do romance.)
  • “O homem que remove a terra acumulada sobre uma civilização e interroga as suas ruínas assemelha-se aos que, recusando o mundo inesgotável, curvam-se ante uma obra de arte e tentam penetrá-la. A diferença entre um e outro é que a civilização exumada talvez se esgote um dia.”

    (Osman Lins, A rainha dos cárceres da Grécia.)